Empreendedorismo: atitude desejável em qualquer ambiente, dizem especialistas

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A Tribuna

De uma maneira bastante equivocada, a ideia que se tem de empreendedorismo é quando as pessoas juntam dinheiro para abrir um negócio. Especialistas ouvidos por A Tribuna indicam: ter um comportamento empreendedor é algo desejável em qualquer ambiente — em um emprego formal ou não.

 “Se a gente se resumisse só ao negócio, estaria frustrando quem não se acha abrindo um empreendimento. Não importa a área em que esteja, você pode fazer a diferença empreendendo”, explica Adalto Corrêa Júnior, vice-reitor do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte).

 A professora Cristina Matos, diretora de Pós-Graduação da Universidade Santa Cecília (Unisanta), reforça que não é preciso separar o empreendedorismo do empregado. “Podemos ser os dois e devemos ser empreendedores em qualquer situação. Quando somos empregados de alguma organização empresarial, devemos ter o chamado espírito empreendedor. Este requisito faz parte do perfil que o mercado de trabalho busca na atualidade”.
Nessa lógica, as empresas precisam inovar para continuarem ou se tornarem mais competitivas. É por isso que precisam de profissionais empreendedores, que lancem inovações. “A forma de entender a palavra empreendedorismo como abrir o próprio negócio é que precisa ser reconsiderada”.
 Para a psicóloga Rita Zaher, diretora do Espaço Santista RH e professora da Universidade Católica de Santos (UniSantos), ter perfil empreendedor é unir criatividade, estratégia e coragem.
 “Nesse mundo, as pessoas sobrevivem se conseguirem unir tudo isso e apresentar competência como resultado. O momento para empreender pode ser agora, mas muitas vezes as pessoas investem tudo o que têm para oferecer mais do mesmo e concorrer num mercado com empresas solidificadas, sem trazer nada de novo”.
 Para ser um bom empreendedor, Rita Zaher defende o exercício nada simples de pensar o que ninguém pensou, inovar e, ao mesmo tempo, atender a demanda existente. “Nem todos podem ser empreendedores porque isso exige talento e resiliência”, acrescenta.

Empregado ou dono?

Rita Zaher admite que muitos têm pensado em abrir um negócio porque perderam o emprego ou estão sob muita pressão. Para ela, vantagens e desvantagens precisam ser analisadas antes de uma decisão drástica.

“O empregado tem garantias que o empreendedor não tem, mas pode se sentir podado em sua criatividade e desconfortável no momento em que o mercado não está para peixe”. Para ela, o ideal é pensar se é um bom momento para fazer um teste com cautela. “O Sebrae oferece boas consultorias e cursos a respeito e é uma excelente opção para quem quer empreender”, diz.

 O vice-reitor do Unimonte acrescenta: quem é  empreendedor está constantemente analisando o cenário para tomar decisões. “Não existe uma receita de bolo. É preciso estar constantemente atento para entender como é que faz a diferença na vida das pessoas”.
 Além da conversa de dono e empregado, o vice-reitor do Unimonte acredita que as pessoas que vão ganhar dinheiro são as capazes de entregar para a sociedade a diferença que fazem. “Empreender não significa abrir um negócio. É estar muito focado na sua carreira. Você cresce quando faz diferença. Aí, pode ser na sua carreira ou com o seu negócio”, pontua.

Faltam bons líderes, que demoram a ser formados

Para os três especialistas ouvidos por A Tribuna, as empresas sofrem com a carência de bons líderes. O fato é que não se desenvolvem lideranças de um momento para o outro.
A professora Cristina Matos, diretora de Pós-Graduação da Universidade Santa Cecília (Unisanta), lembra de um tempo já superado, em que os líderes eram apontados nas empresas por meio de critérios bem subjetivos, como tempo de empresa, pelo conhecimento da organização dela e pelo domínio dos equipamentos e tecnologias da empresa, por exemplo.
 Hoje, a indicação para ocupar posição de liderança requer cuidados e, antes de tudo, preparo, ou seja, desenvolvimento de perfil para exercer esse cargo.
“A posição de liderança requer muitos cuidados, pois cresceram a complexidade e responsabilidade sobre este tipo de cargo. Hoje, o líder tem que ir além de suas competências técnicas, agregando as competências humanas, assumindo seu novo papel como gestor de pessoas”, argumenta.
É justamente a gestão de pessoas que requer o exercício de vários papéis: comunicador, motivador, selecionador, coach, mentor, negociador, treinador, e, principalmente, líder.
 O líder tem que saber lidar com as pessoas, pois será por intermédio delas que conseguirá atingir os resultados esperados pela empresa e os da equipe também. O líder atual deve dedicar tempo às pessoas, aos liderados, deve saber ouvir seus liderados, dirimir os conflitos que surgirem no cotidiano”, acrescenta a professora Cristina.