Uma boa oportunidade para levar o empreendedorismo às escolas

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Económico

Por decisão do Governo, cerca de duas centenas de escolas têm hoje autonomia para definir 25% do currículo, podendo assim apresentar uma oferta educativa adequada ao perfil do estabelecimento escolar e da realidade local. Está assim aberta uma janela de oportunidade para introduzir uma disciplina de empreendedorismo no ensino básico e secundário, à semelhança do que já acontece noutros países desenvolvidos. De resto, o anterior Governo chegou a aventar a possibilidade de lecionar o empreendedorismo nas escolas, mas a ideia nunca foi para a frente. Isto apesar de contar com o apoio de alguns setores da sociedade, nomeadamente da ANJE, que há muito vem defendendo o ensino do empreendedorismo nos vários ciclos de ensino.

Parece-me, de facto, pertinente a introdução de uma disciplina de empreendedorismo nos currículos escolares, de forma a transmitir aos alunos valores, competências e ferramentas que lhes permitam desenvolver uma maior predisposição para a iniciativa. O espírito empreendedor deve ser considerado não apenas como um predicado empresarial, mas também como uma atitude perante a vida e, por conseguinte, como algo que deve ser ensinado aos mais novos.

Para lá das características inatas de cada aluno, é possível estimular e desenvolver nas escolas um conjunto de comportamentos, atributos e mundividências que habitualmente associamos ao perfil de um empreendedor. Criatividade, determinação, capacidade de decisão, liderança, organização, planeamento, sentido de oportunidade ou visão estratégica são qualidades humanas que gostaríamos de desenvolver em todas as crianças e jovens, preparando-os assim para um percurso escolar e profissional cada vez mais competitivo. O empreendedorismo constitui efetivamente um instrumento de emancipação juvenil, quer pela rápida integração no mercado de trabalho que pode proporcionar, quer pelo amadurecimento de ideias e pela experiência vivencial que lhe está subjacente.

Ensinar os nossos jovens a desenharem planos de negócio, a dominarem as ferramentas básicas de gestão, a terem noção da lógica do mercado, a desenvolverem a sua criatividade, a serem inovadores, a estarem sensíveis às vantagens de assumir riscos e a saberem gerir o insucesso não me parece ser um delírio liberal ou algo inexequível para o sistema educativo português. Acresce que, ao prepararmos os nossos alunos para uma possível atividade empresarial, estamos também a promover a inclusão social, visto que o ensino do empreendedorismo pode ajudar os jovens oriundos de comunidades desfavorecidas a fintarem o destino de pobreza que lhes parece reservado.

Obviamente que a introdução de uma disciplina de empreendedorismo nos currículos escolares terá de ser preparada, acompanhada e avaliada por pedagogos, para garantir que os conteúdos a lecionar se adequam realmente às necessidades educativas dos alunos, à realidade socioeconómica que os envolve e aos objetivos pedagógicos do currículo em questão. Por outro lado, municípios, diretores de escolas, professores, pais e representantes da comunidade local devem ser envolvidos neste processo de introdução do ensino do empreendedorismo, de modo a que este produza os efeitos pedagógicos desejados.