O empreendedor precisa de habilidades sociais e emocionais, diz Barbara Freeman, da UC Berkeley

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Época negócios

O conhecimento técnico é importante, mas não suficiente. Após a invasão da tecnologia nas mais diversas tarefas do nosso cotidiano, saber operar uma máquina ou software soa como algo obsoleto. Para Barbara Freeman, pesquisadora na Universidade da Califórnia em Berkeley (UC Berkeley) e consultora de empreendedorismo de impacto socioambiental no Banco Mundial, o ensino de soft skills permite que os empreendedores apliquem suas habilidades sociais nos negócios, como empatia, curiosidade, coragem, tolerância, inspiração, motivação e flexibilidade.

“Empreendedorismo é trazer ao mundo novas possibilidades e desenvolver novos potenciais nas pessoas com quem você trabalha”, afirma Barbara. A pesquisadora está no Brasil para participar do Science meets Business 2018, evento que ocorre na FEA – USP nos dias 22 e 23 de março e tem como proposta promover a integração na relação entre universidades, empresas e governo.

O trabalho de Barbara, ao longo de sua trajetória, tem sido voltado a ações que beneficiem comunidades e jovens vulneráveis ao redor do mundo. Ela atua em projetos que oferecem soluções empreendedoras e preocupadas com os impactos sociais gerados. São 25 anos de experiência em programas junto a governos e ao setor privado em quatro continentes.

Em entrevista a Época NEGÓCIOS, ela fala sobre o uso de soft skills para o desenvolvimento de empreendedores preocupados com os impactos sociais, e também sobre a responsabilidade de governos, empresas e da população em geral.

Época NEGÓCIOS O que você ensina em sua aula?
Barbara Freeman Empreendedorismo é uma forma de agir e criar. Um empreendedor precisa de habilidades sociais e emocionais, as soft skills, além da habilidade técnica. A habilidade social permite observar o mundo, imaginar, refletir, agir e interagir. Isso é empreendedorismo. É trazer novas possibilidades ao entorno e desenvolver novos potenciais nos colegas.

Os empreendedores estão preocupados com problemas sociais?
Mais que nunca, e muito no Brasil. Esta geração está preocupada com problemas como mudanças climáticas, degradação do meio ambiente e desigualdade.

Como medir o impacto social de uma iniciativa?
Não acredito em fórmulas específicas. Ensino a meus alunos a se perguntar: “Como você sabe que está fazendo a diferença?” e “Como garantir que você está no caminho certo?” É importante desenvolver indicadores de progresso e resultados.

De quem é a maior responsabilidade sobre os impactos sociais: governo, setor privado ou população?
São todos responsáveis. Vejo uma dinâmica entre eles. As pessoas têm encontrado espaço para suas vozes, e elas são responsáveis por assegurar que o governo seja efeittivo. O governo, por sua vez, é responsável por capacitar e dar poder ao setor privado e às pessoas. É uma interação entre os três grupos.

Como é para você lidar com líderes governamentais e do setor privado?
Para entender um problema, é preciso buscar todas as perspectivas. Acredito que falar com a comunidade é tão importante quanto ouvir governos e executivos. Não acredito em uma mudança sustentável sem a completa compreensão das barreiras e possibilidades disponíveis.

Como você define inovação?
Inovação é agir e criar valor. Criatividade e inovação têm uma pequena diferença, mas juntas adicionam e criam valor. Tudo começa com a capacidade de imaginar.