Afinidade com o empreendedorismo

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Terezinha Santoro iniciou seu primeiro negócio aos 19 anos e durante a pandemia da covid-19 precisou desafiar-se e investir no setor alimentício

Com a tranquilidade e a alegria que a empreendedora Terezinha Santoro (53 anos) –camuflada entre as flores na sacada de sua casa e também local de trabalho – acena para seus clientes e os recepciona, muitas vezes com um cafezinho, ela não deixa suspeitas de que desde jovem enfrenta desafios que exigem força para superá-los.

Terezinha é natural de Francisco Beltrão (PR). Mudou-se para Chapecó com a família aos oito anos de idade. Na adolescência iniciou o curso de manicure e de pedicure no Cedup. Depois fez capacitação para ser cabeleireira e participou de congressos e cursos em outros municípios da região Sul para aperfeiçoar suas habilidades. Também ofereceu serviços gratuitos para amigos, vizinhos e familiares com o intuito de conquistar clientela e desenvolver seu potencial na profissão.

Quando adquiriu experiência na área, Terezinha atendeu sozinha as demandas do salão de beleza em que trabalhava. Foi nesse período que o seu irmão, Nadir José Santoro, a encorajou a empreender e a conquistar seu próprio espaço.

“Fiquei seis anos trabalhando para outras pessoas. A chefe de um dos salões que trabalhei engravidou e, aos poucos, diminuiu a frequência de atendimentos. Foi assim que meu irmão percebeu meu potencial para os negócios. Ele sempre me incentivou, inclusive pagando cursos, e foi importante também para me ajudar a combater o medo e a insegurança de empreender sozinha. Deu certo, agora sou empreendedora”, afirma Terezinha.

Atualmente, atende em casa – em um ambiente dedicado somente para receber a clientela. Oferece serviços de manicure e pedicure, corte feminino, escova, coloração, mechas, depilação e hidratação. “Sempre tive a agenda cheia. Atendo cerca de 20 pessoas por semana, mas esse número já foi maior. Desde o início da pandemia, o cenário é totalmente diferente. Muitos clientes não retornaram, sem contar que durante o isolamento social, precisei seguir em outro setor para conseguir pagar as contas. Foi um momento muito difícil”, destaca a empreendedora. 

Para superar seus desafios, Terezinha contou com o apoio da Credioeste – Agência de Microcrédito. O primeiro crédito que a empreendedora tomou emprestado, por meio do Programa Juro Zero, foi para investir no salão de beleza. Porém, Terezinha ressalta que foi o segundo crédito que fez toda a diferença. “Meu plano era comprar um espaço para empreender no setor alimentício, com a venda de marmitas. O ambiente já tinha uma cozinha pronta, com todos os móveis e utensílios que eu precisava. Porém, o negócio não deu certo, porque os proprietários aumentaram o preço”, relata.

Com o acesso ao crédito e sem a oferta da sala para comprar, Terezinha mudou seu planejamento. Desistiu da venda de marmitas e comprou todos os itens e alimentos necessários para preparar porções congeladas. Ela iniciou com a venda de mondongo. A produção aumentou de 7kg para 27kg por mês. Depois apostou no preparo de feijoada, lasanha, panqueca, torta fria e tortei.

“Adaptar-me a esse novo cenário foi um ato de muita coragem. Então, encontrei inspiração na história e, principalmente, nos temperos da minha falecida mãe. Aprendi as receitas na adolescência. Insisti para que ela me ensinasse todos os seus segredinhos gastronômicos. As refeições tinham um sabor muito especial. Trago esse afeto para as minhas habilidades na cozinha”, salienta a empreendedora.

 Para expandir a oferta de alimentos, Terezinha aprendeu também a fazer salgados. Ela comprava antigamente centos de salgadinhos de uma cliente do salão, que parou de produzir. Então, Terezinha pediu gentilmente para que a “dona Lurdes”, assim como carinhosamente Terezinha a chama, a ensinasse a fazer. “A dona Lurdes memorizou todas as receitas e, quando aprendeu, adaptou os originais. Ela me ensinou na prática a fazer enroladinho de salsicha, mini esfihas e outros salgados. Da mesma forma, com o tempo, mudei alguns ingredientes nos preparos e sou muito grata por ela ter compartilhado sua experiência”.

Terezinha sente orgulho de sua trajetória, especialmente porque todo o seu esforço é voltado ao sustento e a educação de sua filha, Bruna Santoro. Ela relata que seus ex-companheiros não acreditavam no seu potencial, mas ela esteve sempre a frente desse pensamento. “Nunca precisei de ajuda de homens para me sustentar e cuidar da Bruna. Também não desisti de acreditar nos meus sonhos, graças a força da minha mãe, que continua sendo uma inspiração. Ela trabalhava na roça, fazia os serviços de casa e ainda cuidava de mim e dos meus irmãos. Ela conseguiu, eu também consigo. Agora, planejo comprar um fogão industrial para o ramo alimentício e em breve pretendo inaugurar um novo salão para garantir acessibilidade e uma nova identidade visual. Ainda é um sonho, mas acredito que vai se concretizar”, afirma Terezinha.